sábado, 8 de octubre de 2011

Bem seguros pelo Mestre


As minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna e por isso elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão.

João 10 :27-28 – NTLH(grifo meu)

Certamente esse é um trecho muito profundo das escrituras sagradas e poderia se dizer muito sobre ele. Poderíamos falar sobre a voz do bom pastor e as vozes do mundo, sobre a vida eterna, sobre o que significa ser ovelha do rebanho de Cristo, enfim, há um manancial de temas aqui. Mas o que chamou minha atenção hoje, relendo esse trecho, foi a parte final do versículo 28: “Ninguém poderá arrancá-las da minha mão”. Isso mesmo. Arrancar. Verbo interessante. Segundo o dicionário Aurélio “arrancar” significa “tirar com violência, desarraigar, extorquir, libertar”. Para os que não são tão fãs assim da Nova tradução da linguagem de hoje, as versões revista e corrigida e revista e atualizada da bíblia trazem a palavra “arrebatar” no lugar de arrancar, que segundo o dicionário, tem o mesmo significado.

Imagino que a essa altura você já tenha entendido onde quero chegar. Quando eu era adolescente e estava com algum problema, minha mãe sempre me dizia “Deixe tudo nas mãos de Jesus”. Eu sabia que ela estava me dizendo para orar a respeito, mas nunca havia entendido a profundidade do que é deixar algo ou deixar a si mesmo nas mãos de Cristo, até hoje. Nós sabemos que estamos nas mãos de Jesus. Ouvimos isso nas igrejas, em canções e até lemos nas escrituras, como nesse trecho. Mas às vezes, nos imaginamos na mão aberta de um Jesus, quem sabe um pouco desatento. Se corrêssemos um pouco poderíamos cair, talvez alguns já estariam dependurados sob o polegar dEle...ou quem sabe um vento mais forte poderia levar uma centena voando e Jesus falaria “ops, escapou”. Então surge esse feliz verbo “arrancar”. Você já tentou arrancar alguma coisa da mão de alguém? Eu costumava brincar assim com os colegas da escola quando era criança, para ver quem era o mais forte. Segurávamos balas, moedas. Agora remonte a cena. Jesus segurando você na mão dEle...não uma bala, ou uma moeda, mas você que custou a vida dEle. Você, um tesouro precioso. Ele segura de um jeito que se alguém quisesse pegar, teria que arrancar da mão dEle, mas Ele já antecipa - Ninguém pode fazer isso, simplesmente porque não consegue. Ele é muito forte. E essa frase foi o próprio Jesus quem disse, não foi o pastor o bispo ou uma canção. “Ninguém poderá arrancá-las da minha mão”.Você reconhece essa voz, ela tem eco no seu coração? Ele te segura com força. Não é de qualquer jeito. E mais do que isso, um pouco antes, no verso 15 do mesmo capítulo Ele afirmou que estava pronto para morrer por essas mesmas ovelhas, e assim o fez. Existe credibilidade nas palavras de Jesus? A cruz responde que sim.

Sobre a lama

Esses dias estava lendo sobre a cura de um cego de nascença no cap. 9 do livro de João, Novo Testamento. O mestre cuspiu no chão, fez um pouco de lama e passou no rosto do homem, que devia lavar-se em seguida. Não pude ler essa história sem refletir sobre esses dois momentos muito próximos na vida desse cego: O momento em que ele estava com a “cara na lama” e o momento em que ele estava com lama na cara. No primeiro momento, ele estava ali sem esperança, sem visão, sem uma perspectiva de futuro, sem a chance de obter o próprio sustento de uma maneira digna, aos olhos de seus julgadores, nada além de conseqüência de seus próprios pecados ou pecados herdados, ali, com o rosto na lama. No momento seguinte, ele tinha lama no rosto, o testemunho do mestre a favor de sua inocência e estava prestes a ter uma nova visão do mundo. Era um recomeço e a chance de ajudar outros a crerem na autenticidade do messias. O privilégio de fazer a confissão de fé tendo o próprio Jesus como tutor e entrar para a raríssima seleção de fatos que envolveram o ministério de Cristo aqui na terra, a chance de entrar para a história para sempre.

Bom, talvez poucos de nós ficaremos mundialmente conhecidos, mas é certo que estamos construindo uma história com a nossa vida também e essa história, envolve muitos momentos de “cara na lama”. Acusações injustas, desprezo, rejeição e todo tipo de sofrimento. Cada um carrega a própria bagagem, as próprias feridas, cicatrizes. Até o momento em que o mestre vem e usa a própria lama em que nós estávamos afundando para nos devolver a visão, nos restaurar. Nosso algoz então abre caminho para a nossa vitória e, como Amã conduzindo a Mardoqueu*, grita “Aí vem o homem/mulher a quem o Rei (Jesus) deseja honrar. Com o rosto sujo de lama recém lavada, nos sentamos enfim à mesa do banquete do salmo 23 e deixamos o óleo escorrer pela cabeça.

*Livro de Ester, cap 6: 1-12.

sábado, 2 de abril de 2011

Morra vazio


Uma das formas de encontrarmos encorajamento e inspiração é, sem dúvida, olharmos os bons exemplos e o legado que algumas pessoas nos deixam. Alguns conhecemos de perto, outros escutamos e lemos histórias a respeito, uns estão aqui, outros já se foram, mas existe uma coisa comum entre todos - Eles deixaram uma marca indelével em nossos corações. Eu ainda penso muito na morte do meu amigo e nas marcas que ele deixou na minha vida. A esposa dele é minha melhor amiga, mas ele não a usou como atalho para chegar ao meu coração, ele fez seu próprio caminho. Ele me ensinou um dos verdadeiros sentidos da amizade: Honra! Eu ainda coleciono pequenos gestos, que na verdade foram grandes. Quando estive na Bahia, no início de 2010, passei 20 dias na companhia dessa família querida. A maior parte do tempo em que interagíamos minha amiga estava em casa, mas houve um dia que não. Ela precisava trabalhar e ele estava de folga...Lá vem um dia estranho...pensei. Mas foi um dia divertidíssimo! limpamos a casa, tocamos violão, colhemos frutas no sítio, conversamos, assistimos filme, passeamos pelo centro da cidade, visitamos outros amigos...Eu me senti bem e à vontade! Ele era meu amigo no sentido pleno da palavra e eu não sabia. Aquele dia vai ficar pra sempre no meu coração. Ele me deu uma coisa de presente que ele mesmo tinha muito pouco: Tempo. Sem contar outros gestos como, dormir no "colchão inflável" no chão com minha amiga, para que a "visita" dormisse na cama, idas "não programadas" ao Habibs por ocasião da minha presença, a piada recorrente do "jacaré na parede"...coisas que o tempo não pode apagar. Isso me faz pensar na minha própria vida e no tipo de marca que estou deixando na vida das pessoas. Quando deixarmos essa "casa" temporária em que vivemos, só restará uma coisa: Nossa essência. Que tipo de legado estamos deixando? Como as pessoas saem da nossa presença, melhores ou piores que antes? Quanto amor colocamos nas coisas que fazemos ou nas conversas que temos? Quantos "eu te amo", "eu sinto muito", "eu te perdôo" não ditos ecoarão de nossas sepulturas? Uma frase interessante que escutei do Pr. Anésio, da Comunidade Carisma, foi "Morra vazio". Gaste todo o seu potencial, viva uma vida abundante, ame profundamente a Deus e as pessoas, viva o presente, é tudo o que você tem por agora. Enquanto há vida, há esperança.

miércoles, 2 de marzo de 2011

Uma noite com Deus


Uma noite com Deus. Moisés era um intelectual falido que havia se tornado um pastor de ovelhas. Um homem que falava muitas línguas, entendia de matemática, engenharia, estava lá gritando “ôooo”, quando uma ovelha se afastava do aprisco. Uma vida cheia de luxo e glória, havia se transformado em uma vida simples e sem muitas emoções. Uma auto-estima ruim, um coração medroso e oprimido, lembranças de um erro cometido há muito tempo. Uma noite com Deus transformou esse homem no libertador de Israel. O homem que retirou seu povo de uma grande potência mundial – A força de trabalho que mantinha essa potência, detalhe: Sem guerra. Instrumento para a realização de milagres jamais vistos. Homem que ficou responsável por redigir a lei de Deus – Pentateuco – Que foi a única bíblia por muitos anos. Referência em Israel até hoje, referência no mundo. (Se Moisés estivesse aqui, poderia dizer se a performance de alguns atores condizem com a forma e expressão com que ele agiu em momentos tão tensos da sua vida, agora glamourizados, fonte de lucro para a indústria do etretenimento).

A história de Moisés nos traz esperança sobre o tipo de pessoa que Deus escolhe para o serviço. Não os bons oradores, não as com uma auto-estima impecável, uma ficha criminal zerada e extremamente bem asseadas. Ele escolhe o sujo com o pó do deserto, o gago, o engenheiro frustrado que virou pastor de ovelhas, o estrangeiro, o assassino arrependido, o inseguro. Isso porque Ele não quer apenas fazer milagres através de nós – Ele quer que “nós” sejamos um milagre também. O milagre da restauração.

domingo, 9 de enero de 2011

2011 e o misticismo cristão


Salmo 8

Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade.

Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador.

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste,

que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites?

Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.

Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste:

ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo;

as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares.

Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!


O salmo 8, é um dos meus salmos favoritos. Ele foi escrito pelo rei Davi e expressa uma profunda adoração a Deus através da contemplação da natureza. Todo início de ano acontece uma espécie de "misticismo cristão" e é comum ouvir frases como "esse será o ano da colheita", da abundância, porção em dobro, restituição. Logicamente Deus é muito vasto e tem prazer em abençoar os seus filhos, mas é muita ingenuidade nossa acreditar que todo ano será prospero e abençoado e que estaremos livres de tribulações. 2010 foi um ano assim para mim e vários amigos. Comparando a nossa vida com o solo, foi um ano de queimadas.

O fogo mata os microorganismos do solo; esgotam-se as reservas decrescimento das gramíneas; o capim começa a desaparecer,deixando o solo descoberto e sem proteção; a ação dos ventos e das chuvas leva os nutrientes da terra e o solo fica compacto e suscetível ao estabelecimento de algumas espécies de invasores, além de sérios danos ambientais (Gisele Rosso, Embrapa)

O fogo significa provação mas também purificação. Esgotaram-se as nossas reservas, nosso solo ficou pobre e sem nutrientes. Esse é o momento em que Deus pode, finalmente, ser o nosso tudo pois já não nos resta nada de nós mesmos. Há um poder maravilhoso nisso, pois nos leva a crer que estamos no caminho certo, quase prontos para receber as bençãos. O Pr. René Kivitz, chamou atenção para um fato interessante: O primeiro dia de 2011, iniciou-se num sábado, dia de descanso, segundo a lei de Moisés. Segundo essa mesma lei, a cada sete anos, o solo deveria estar em repouso, e esse ano se chamaria "sabático":

mas no sétimo ano haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha. Levítico 25:4

O que nascer de si mesmo da tua sega não segarás, e as uvas da tua vide não tratada não vindimarás; ano de descanso solene será para a terra. Levítico 25:5


Acredito não ser banal o fato de 2011 iniciar-se em um sábado. Creio que há uma promessa nisso. Uma promessa de paz e descanso. Não um ano de milagres extraordinários ou grandes conquistas, mas um ano de irrigar e arar o solo, preparando-o para um novo plantio. Não podemos plantar em uma terra queimada e sem nutrientes. É tempo de "crescer pra baixo" ou seja aprofundar raízes. É a transição do reino de Davi para Salomão, é tempo de consolidar, aquietar-se. Creio que 2011 será o ano da adoração. Um ano em que deixaremos a colheita de lado e teremos um tempo de contemplação, exatamente como Davi fez nesse salmo 8. Quietude...cura de feridas, restauração. Tempo de esperar, adorar e aguardar em silêncio a salvação do Senhor (Lamentações 3:26)

Vanessa





sábado, 8 de enero de 2011

Sem olhar para trás


Esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,

Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3: 13b-14.

Em alguns momentos da vida voamos em bando, como as andorinhas. São tempos de bênçãos, de muitos amigos, portas abertas, projeção ministerial e abundância financeira. Depois nos vemos num vôo rasante e solitário, como o das águias. Às vezes esse vôo dura muito mais do que gostaríamos. Tempos de escassez em todos os sentidos. Decisões erradas do passado que nos afetam hoje, pessoas que nos magoaram que precisamos amar e problemas que não podemos resolver. Na verdade, nossa vida é uma alternância constante entre esses dois tipos de vôos. E cada situação, tanto de escassez, como de bonança, nos oferece seu próprio tipo de tentação. Quando estamos bem, abastados e supridos de tudo, é tentador pensar que somos nós e não Deus o responsável por isso tudo. Nossas escolhas corretas, nossa vida reta. Os aplausos que recebemos, nos fazem acreditar que temos o mérito. O que esquecemos é que nem sempre escolhas corretas e uma vida pura nos levam ao sucesso. Elas levaram José à prisão e Jesus à cruz. O sucesso nem sempre corresponde a aprovação divina.

A adversidade traz a tentação da murmuração. Nos sentimos ressentidos contra Deus quando nem tudo vai bem. Reclamamos, deixamos de ir à igreja, julgamos a tudo e a todos. Não é fácil voar sozinho. Deus espera ouvir a expressão sincera da nossa dor, não há nada que possa chocá-lo. Ele espera o nosso desabafo, e não a nossa crítica. Vivemos num mundo caído, e o livre-arbítrio de outros e o nosso próprio, são os responsáveis por isso. A promessa é que Ele estaria conosco, e não que tudo estaria bem. O verdadeiro louvor surge do meio da dor, assim como a pérola surge do desconforto da ostra. A verdadeira confiança surge no meio da incerteza. Nosso verdadeiro caráter se revela quando estamos sozinhos e no meio do fogo.

Eu pude ver isso recentemente, quando enterrei um amigo muito querido. Sua esposa, minha amiga de infância, foi um exemplo de confiança e coragem nesse momento tão doloroso. Embora essa perda tenha afetado a todos nós profundamente, é ela quem mais está sofrendo. Mas em meio à dor de perder o amor de sua vida, lá estava ela, nos consolando, nos lembrando da esperança da vida eterna e nos incentivando a viver uma vida santa, para que pudéssemos reencontrá-lo, quando chegasse a nossa vez de ir. O fogo revelou um caráter íntegro, que eu já conhecia por conviver com ela há tantos anos, mas que foi um poderoso testemunho para todos que estavam ali. Essa força certamente veio de Cristo e de uma confiança plena na soberania de Deus. Não creio que tudo que aconteça seja a vontade Dele. Se fosse assim, o mundo seria perfeito, mas nós seríamos robôs. Entretanto, tudo que acontece na vida de um cristão é filtrado por Deus. Muitas coisas são um mistério, que só conheceremos do outro lado da nossa existência. Nos compete caminhar, olhando sempre em frente, para não virar “estátua de sal”, como a mulher de Ló, sempre em direção ao alvo que é Cristo, na segurança de saber que não estamos só, mesmo sentindo o contrário. E se deixar ser transformado a cada dia. É uma questão de coração. Até que ponto você está disposto a entregar-se a Deus? Ele nos quer por inteiro e não parte de nós. Coisas tremendas acontecem através de pessoas cujo coração é totalmente Dele.

Vanessa