domingo, 9 de enero de 2011

2011 e o misticismo cristão


Salmo 8

Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade.

Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador.

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste,

que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites?

Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.

Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste:

ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo;

as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares.

Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!


O salmo 8, é um dos meus salmos favoritos. Ele foi escrito pelo rei Davi e expressa uma profunda adoração a Deus através da contemplação da natureza. Todo início de ano acontece uma espécie de "misticismo cristão" e é comum ouvir frases como "esse será o ano da colheita", da abundância, porção em dobro, restituição. Logicamente Deus é muito vasto e tem prazer em abençoar os seus filhos, mas é muita ingenuidade nossa acreditar que todo ano será prospero e abençoado e que estaremos livres de tribulações. 2010 foi um ano assim para mim e vários amigos. Comparando a nossa vida com o solo, foi um ano de queimadas.

O fogo mata os microorganismos do solo; esgotam-se as reservas decrescimento das gramíneas; o capim começa a desaparecer,deixando o solo descoberto e sem proteção; a ação dos ventos e das chuvas leva os nutrientes da terra e o solo fica compacto e suscetível ao estabelecimento de algumas espécies de invasores, além de sérios danos ambientais (Gisele Rosso, Embrapa)

O fogo significa provação mas também purificação. Esgotaram-se as nossas reservas, nosso solo ficou pobre e sem nutrientes. Esse é o momento em que Deus pode, finalmente, ser o nosso tudo pois já não nos resta nada de nós mesmos. Há um poder maravilhoso nisso, pois nos leva a crer que estamos no caminho certo, quase prontos para receber as bençãos. O Pr. René Kivitz, chamou atenção para um fato interessante: O primeiro dia de 2011, iniciou-se num sábado, dia de descanso, segundo a lei de Moisés. Segundo essa mesma lei, a cada sete anos, o solo deveria estar em repouso, e esse ano se chamaria "sabático":

mas no sétimo ano haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha. Levítico 25:4

O que nascer de si mesmo da tua sega não segarás, e as uvas da tua vide não tratada não vindimarás; ano de descanso solene será para a terra. Levítico 25:5


Acredito não ser banal o fato de 2011 iniciar-se em um sábado. Creio que há uma promessa nisso. Uma promessa de paz e descanso. Não um ano de milagres extraordinários ou grandes conquistas, mas um ano de irrigar e arar o solo, preparando-o para um novo plantio. Não podemos plantar em uma terra queimada e sem nutrientes. É tempo de "crescer pra baixo" ou seja aprofundar raízes. É a transição do reino de Davi para Salomão, é tempo de consolidar, aquietar-se. Creio que 2011 será o ano da adoração. Um ano em que deixaremos a colheita de lado e teremos um tempo de contemplação, exatamente como Davi fez nesse salmo 8. Quietude...cura de feridas, restauração. Tempo de esperar, adorar e aguardar em silêncio a salvação do Senhor (Lamentações 3:26)

Vanessa





sábado, 8 de enero de 2011

Sem olhar para trás


Esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,

Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3: 13b-14.

Em alguns momentos da vida voamos em bando, como as andorinhas. São tempos de bênçãos, de muitos amigos, portas abertas, projeção ministerial e abundância financeira. Depois nos vemos num vôo rasante e solitário, como o das águias. Às vezes esse vôo dura muito mais do que gostaríamos. Tempos de escassez em todos os sentidos. Decisões erradas do passado que nos afetam hoje, pessoas que nos magoaram que precisamos amar e problemas que não podemos resolver. Na verdade, nossa vida é uma alternância constante entre esses dois tipos de vôos. E cada situação, tanto de escassez, como de bonança, nos oferece seu próprio tipo de tentação. Quando estamos bem, abastados e supridos de tudo, é tentador pensar que somos nós e não Deus o responsável por isso tudo. Nossas escolhas corretas, nossa vida reta. Os aplausos que recebemos, nos fazem acreditar que temos o mérito. O que esquecemos é que nem sempre escolhas corretas e uma vida pura nos levam ao sucesso. Elas levaram José à prisão e Jesus à cruz. O sucesso nem sempre corresponde a aprovação divina.

A adversidade traz a tentação da murmuração. Nos sentimos ressentidos contra Deus quando nem tudo vai bem. Reclamamos, deixamos de ir à igreja, julgamos a tudo e a todos. Não é fácil voar sozinho. Deus espera ouvir a expressão sincera da nossa dor, não há nada que possa chocá-lo. Ele espera o nosso desabafo, e não a nossa crítica. Vivemos num mundo caído, e o livre-arbítrio de outros e o nosso próprio, são os responsáveis por isso. A promessa é que Ele estaria conosco, e não que tudo estaria bem. O verdadeiro louvor surge do meio da dor, assim como a pérola surge do desconforto da ostra. A verdadeira confiança surge no meio da incerteza. Nosso verdadeiro caráter se revela quando estamos sozinhos e no meio do fogo.

Eu pude ver isso recentemente, quando enterrei um amigo muito querido. Sua esposa, minha amiga de infância, foi um exemplo de confiança e coragem nesse momento tão doloroso. Embora essa perda tenha afetado a todos nós profundamente, é ela quem mais está sofrendo. Mas em meio à dor de perder o amor de sua vida, lá estava ela, nos consolando, nos lembrando da esperança da vida eterna e nos incentivando a viver uma vida santa, para que pudéssemos reencontrá-lo, quando chegasse a nossa vez de ir. O fogo revelou um caráter íntegro, que eu já conhecia por conviver com ela há tantos anos, mas que foi um poderoso testemunho para todos que estavam ali. Essa força certamente veio de Cristo e de uma confiança plena na soberania de Deus. Não creio que tudo que aconteça seja a vontade Dele. Se fosse assim, o mundo seria perfeito, mas nós seríamos robôs. Entretanto, tudo que acontece na vida de um cristão é filtrado por Deus. Muitas coisas são um mistério, que só conheceremos do outro lado da nossa existência. Nos compete caminhar, olhando sempre em frente, para não virar “estátua de sal”, como a mulher de Ló, sempre em direção ao alvo que é Cristo, na segurança de saber que não estamos só, mesmo sentindo o contrário. E se deixar ser transformado a cada dia. É uma questão de coração. Até que ponto você está disposto a entregar-se a Deus? Ele nos quer por inteiro e não parte de nós. Coisas tremendas acontecem através de pessoas cujo coração é totalmente Dele.

Vanessa