sábado, 8 de enero de 2011

Sem olhar para trás


Esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,

Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3: 13b-14.

Em alguns momentos da vida voamos em bando, como as andorinhas. São tempos de bênçãos, de muitos amigos, portas abertas, projeção ministerial e abundância financeira. Depois nos vemos num vôo rasante e solitário, como o das águias. Às vezes esse vôo dura muito mais do que gostaríamos. Tempos de escassez em todos os sentidos. Decisões erradas do passado que nos afetam hoje, pessoas que nos magoaram que precisamos amar e problemas que não podemos resolver. Na verdade, nossa vida é uma alternância constante entre esses dois tipos de vôos. E cada situação, tanto de escassez, como de bonança, nos oferece seu próprio tipo de tentação. Quando estamos bem, abastados e supridos de tudo, é tentador pensar que somos nós e não Deus o responsável por isso tudo. Nossas escolhas corretas, nossa vida reta. Os aplausos que recebemos, nos fazem acreditar que temos o mérito. O que esquecemos é que nem sempre escolhas corretas e uma vida pura nos levam ao sucesso. Elas levaram José à prisão e Jesus à cruz. O sucesso nem sempre corresponde a aprovação divina.

A adversidade traz a tentação da murmuração. Nos sentimos ressentidos contra Deus quando nem tudo vai bem. Reclamamos, deixamos de ir à igreja, julgamos a tudo e a todos. Não é fácil voar sozinho. Deus espera ouvir a expressão sincera da nossa dor, não há nada que possa chocá-lo. Ele espera o nosso desabafo, e não a nossa crítica. Vivemos num mundo caído, e o livre-arbítrio de outros e o nosso próprio, são os responsáveis por isso. A promessa é que Ele estaria conosco, e não que tudo estaria bem. O verdadeiro louvor surge do meio da dor, assim como a pérola surge do desconforto da ostra. A verdadeira confiança surge no meio da incerteza. Nosso verdadeiro caráter se revela quando estamos sozinhos e no meio do fogo.

Eu pude ver isso recentemente, quando enterrei um amigo muito querido. Sua esposa, minha amiga de infância, foi um exemplo de confiança e coragem nesse momento tão doloroso. Embora essa perda tenha afetado a todos nós profundamente, é ela quem mais está sofrendo. Mas em meio à dor de perder o amor de sua vida, lá estava ela, nos consolando, nos lembrando da esperança da vida eterna e nos incentivando a viver uma vida santa, para que pudéssemos reencontrá-lo, quando chegasse a nossa vez de ir. O fogo revelou um caráter íntegro, que eu já conhecia por conviver com ela há tantos anos, mas que foi um poderoso testemunho para todos que estavam ali. Essa força certamente veio de Cristo e de uma confiança plena na soberania de Deus. Não creio que tudo que aconteça seja a vontade Dele. Se fosse assim, o mundo seria perfeito, mas nós seríamos robôs. Entretanto, tudo que acontece na vida de um cristão é filtrado por Deus. Muitas coisas são um mistério, que só conheceremos do outro lado da nossa existência. Nos compete caminhar, olhando sempre em frente, para não virar “estátua de sal”, como a mulher de Ló, sempre em direção ao alvo que é Cristo, na segurança de saber que não estamos só, mesmo sentindo o contrário. E se deixar ser transformado a cada dia. É uma questão de coração. Até que ponto você está disposto a entregar-se a Deus? Ele nos quer por inteiro e não parte de nós. Coisas tremendas acontecem através de pessoas cujo coração é totalmente Dele.

Vanessa









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