martes, 1 de septiembre de 2009

A Família Mais Rica da Igreja

de Eddie Ogan

(retirado do site http://www.iluminalma.com )


Eu nunca vou esquecer a Páscoa de 1946. Eu tinha 14 anos. Minha irmãzinha, Olga, tinha 12, e minha irmã mais velha, Darlene, tinha 16.

Nós morávamos numa casa de periferia com nossa mãe, e todas sabíamos o que era ficar sem muitas coisas. Meu pai havia morrido 5 anos antes, deixando mamãe para cuidar de 7 filhos em idade escolar, e sem dinheiro.

Até 1946 minhas irmãs mais velhas já haviam casado e meus irmãos já haviam deixado o lar. Ficamos somente eu, Darlene e Olga com mamãe.

Um mês antes da Páscoa o pregador da Igreja anunciou que uma oferta especial seria feita na Páscoa para ajudar uma família pobre. Ele pediu publicamente a todo o mundo para poupar e dar de forma sacrificial.

Quando chegamos em casa nós falamos sobre o que poderíamos dar. Decidimos comprar 20 quilos de batatas e nos alimentarmos só delas durante aquele mês.

Assim, poderíamos poupar R$20 para a oferta. Então decidimos que não utilizando muita luz, nem escutando rádio à noite poderíamos economizar na conta de energia.

Darlene decidiu trabalhar fazendo faxina. Olga e eu resolvemos trabalhar de babá para arrecadar mais para a oferta. Por 30 centavos, conseguimos bastante material para costurar panos de cozinha e depois os vendemos por R$2,00. Conseguimos arrecadar R$40 com aqueles panos.

Aquele mês foi um dos melhores de nossas vidas. Todo dia contávamos o dinheiro poupado e durante a noite, em meio à escuridão de nossa casa, falávamos sobre aquela família pobre e como iriam gostar de ter o dinheiro que a igreja se propusera a dar.

Havia 80 membros naquela igreja, então calculamos que a oferta deveria ser umas 20 vezes maior do que o valor que nós teríamos para dar, pois a cada Domingo o pregador lembrava à congregação sobre a oferta sacrificial.

Um dia antes da coleta especial da Páscoa, Olga e eu andamos até o mercadinho e lá trocamos o dinheiro velho por notas novas. O gerente nos deu 3 notas de $20 e uma de $10 por todo o trocado que a gente tinha.

Nós corremos satisfeitas para nossa casa a fim de mostrarmos aquelas cédulas novinhas a mamãe e Darlene. Nós nunca tínhamos visto tanto dinheiro em nossas vidas.

Naquela noite estávamos tão animadas que mal conseguimos dormir. Queríamos que amanhecesse logo para irmos à Igreja entregar a nossa oferta.

Nós nem nos importávamos com o fato de não termos vestidos novos para a Páscoa, porque já tínhamos os $70 para ofertar àquela família pobre.

Quase não conseguimos chegar à reunião da igreja a tempo. Amanheceu chovendo, nós não tínhamos um guarda-chuva e o prédio da igreja ficava a mais de um quilômetro de nossa casa.

Darlene tinha buracos nos sapatos, tão gastos que estavam, pois ela também os usava para ir todo dia à escola. Por isso ela colocou papelão dentro. Mesmo assim, ficou com os pés molhados.

Nós tomamos nosso lugar no salão que havia sido construído todo em madeira há uns vinte e cinco anos antes. Estávamos meio molhadas, mas estávamos todos animados.

Eu ouvi um jovem comentar sobre nossos vestidos velhos. Eu olhei para as moças e as senhoras da Igreja nos seus vestidos novos, mas eu me sentia rica.

Quando a oferta foi feita estávamos na segunda fileira da frente. Mamãe colocou a nota de $10 e, cada uma de nós três colocamos uma nota de $20.

Ao voltarmos para casa depois do culto, nós cantamos durante o caminho todo. Para o almoço mamãe preparou uma surpresa. Ela tinha comprado 12 ovos para a Páscoa. Nós comemos ovos cozidos com batatas fritas.

Era Tarde naquele dia quando, de repente, alguém bateu à nossa porta. Era o pregador! Mamãe imediatamente abriu o ferrolho e o recebeu em nosso pequeno terraço. Ninguém sabia do que se tratava.

Quando ela se despediu dele e voltou para a sala, estava segurando um envelope. Nós perguntamos o que era, mas ela não disse uma palavra sequer. Ela abriu o envelope e caiu dinheiro. Lá estavam 3 notas novas de R$20 , uma de R$10 e 7 de R$1.

Mamãe colocou o dinheiro no envelope e nós permanecemos em silêncio. Nós ficamos lá, imóveis, olhando para o chão e umas para as outras. Os sentimentos mudaram.

Pela manhã naquele dia, nos sentíamos como milionárias. Agora à noite, soubemos que éramos as pessoas mais pobres da igreja.

Durante nossa infância, tivemos uma vida tão feliz que sempre sentíamos pena daqueles que não tinham pais como os nossos e uma casa cheia de irmãos e irmãs.

Nós achávamos divertido compartilhar talheres e ver quem iria comer com garfo e quem com colher durante aquelas refeições tão simples. Só tínhamos duas facas e sempre era preciso usá-las rapidamente, passando-as depois para quem ainda não havia jantado.

Eu sabia que outras pessoas tinham mais do que a gente mas, nós nunca nos achamos pobres. Naquela Páscoa, porém, eu fiquei sabendo que éramos.

Se o pregador nos trouxe o dinheiro para a família pobre, então, realmente, devíamos ser pobres. Eu não gostei da idéia de ser pobre.

Eu olhei para meu vestido desbotado e sapatos desgastos e tive vergonha de mim – eu não queria mais voltar àquela igreja. Todo mundo lá, a esta altura, já devia saber que éramos pobres.

Eu pensei sobre a escola. Eu estava no primeiro ano colegial e no topo da minha turma de mais de 100 alunos. A lei só exigia estudo até a oitava série. Eu resolvi que não iria mais para a escola.

Ficamos sentadas sem trocarmos uma palavra sequer, durante um bom tempo. Ao cair da noite, fomos dormir.

Durante toda aquela semana nós fomos e voltamos da escola, sem aquelas alegres conversas que tínhamos até então. Finalmente, no Sábado, mamãe perguntou o que iríamos fazer com o dinheiro.

O que é que pobres faziam com dinheiro? Nós não tínhamos a menor idéia porque não sabíamos que éramos pobres.

Naquele Domingo nós não queríamos ir ao culto. Estávamos com tanta vergonha. Mas mamãe, gentilmente, nos fez ir. Embora fosse um dia lindo, nós não conversamos no caminho até a igreja. Mamãe começou a cantar, mas, ninguém a acompanhou, e ela só cantou um estrofe.

No culto, um missionário estava nos visitando. Ele pregou sobre as igrejas na África. Ele disse que lá os irmãos faziam manualmente seus próprios tijolos para a construção de seus prédios. Ele contou também que, apesar de todo o esforço, ainda lhes faltava dinheiro para colocar um telhado nos prédios.

Ele disse que com $100 daria para comprar o material necessário para cobrir o prédio de uma igreja.

O pregador perguntou: “Será que nós podemos ajudar este povo pobre?” Nós nos olhamos entre nós e sorrimos pela primeira vez naquela semana.

Mamãe pegou o envelope e o deu a Darlene. Darlene me deu e eu passei para Olga. Olga, sorridente, o colocou na sacola da coleta.

Quando a oferta foi contada o pregador anunciou que fora arrecadado um pouco mais de $100.

O missionário ficou tão animado. Ele não podia imaginar uma oferta de uma congregação tão pequena. Ele disse, “Vocês devem ter algumas pessoas realmente ricas nesta igreja.”

De repente, nos ocorreu que nós demos $87 daqueles pouco mais de $100. Agora nós éramos a família mais rica da igreja. Daquele dia em diante eu nunca mais me senti pobre. E, sempre tenho me lembrado do quanto sou rica porque eu tenho a Jesus!

Tradução de Paulo Vieira

Foi Jesus mesmo que disse “Mais bem-aventurado é dar que receber.” Atos 20:35

jueves, 9 de julio de 2009

Redes Vazias...


Ele estava alí olhando aquelas redes. Um pescador experiente. Começou cedo, aprendeu com o pai todos os segredos de uma pesca perfeita. Mas aquele dia toda aquela experiência não serviu de nada. Ele tinha ficado alí a noite toda. E nada de peixe...Por ele, tudo bem. Já estava acostumado a não se alimentar direito nessas andanças por aí com Jesus. Mas tinha gente em casa esperando pelos peixes. Mulher. Crianças. Pedro olhava as redes com angústia e frustração. A frustração de um pescador que não pescou nada. A frustração de um pai de família que vai chegar de mãos vazias em casa. Silêncio. Tristeza. De repente lá longe alguém grita um palpite: Ei, você aí! é, você mesmo. Jogue a rede para lado direito do barco. Pode jogar. Pedro dá um sorriso irônico. Como se ele já não tivesse jogado as redes para lado direito. E para esquerdo também...e na frente...e atrás do barco...talvez na diagonal. Será que alguém estava querendo se divertir com aquela situação que era tão terrivel pra ele? Calma aí Pedro! - um dos seus colegas de pescaria diz - É o mestre. Olha direito lá. É o mestre cara! Então Pedro grita de volta: ô Jesus. Faz um tempão que a gente tá aqui. Na verdade ficamos aqui a noite toda. Mas só porque é você que está pedindo, eu vou jogar a rede de novo. Pega lá João. Pega a rede, o mestre mandou. Eles já tinham visto Jesus fazendo outros milagres. Mas parece que quando eles mesmos precisavam de um, era difícil acreditar que podia acontecer. Mesmo assim, jogaram. De repente eles estavam quase naufragando - Eram muitos peixes pra pouco barco! Muitos peixes pra poucos pescadores. Pedro olha surpreso. Nem parece que anda a tanto tempo com o mestre. Jesus já está lá do outro lado com a fogueira acesa, pra assar uns peixes pra galera que pelo jeito tá cheia de fome.

É engraçado ver como essa história é atual e como ela nos ensina. Quantas vezes estamos frustrados com os nossos problemas e as nossas redes vazias a ponto de esquecermos quem é Jesus, e até mesmo quem somos nós. Discípulos, filhos amados. Que vimos tantos milagres na vida das pessoas - e as vezes até fomos parte do processo- mas simplesmente não acreditamos quando é a gente que precisa do milagre. Talvez pelo cansaço. Tantos anos de cristianismo, tantas horas de estudo bíblico, orações, que parecem não servir de nada quando estamos cheios de problemas. Esquecemos que somos filhos. Nos comportamos como o irmão mais velho do filho pródigo.
Você pode estar enfrentando o que for. Pode ter certeza: Deus não se esqueceu de você (talvez o contrário seja provável). Ele está preparando a fogueira pra assar os seus peixes. E quando chegar o momento do seu milagre, quando Ele te desafiar a fazer algo que aparentemente não vai dar em nada, ou algo que você até já tenha tentado, faça. É diferente agora. Antes você agiu com base na sua experiencia de vida. Agora é o mestre que está falando. Diga como Pedro: Olha mestre, tudo isso aí que você está dizendo pra eu fazer agora, eu já tentei antes e não deu certo. Mas já que é você que está pedindo eu vou fazer então. Quando faltar a motivação ou a fé pra fazer algo, faça só porque o mestre falou. Só por isso. E quando chegar o seu momento, não se esqueça de distribuir os peixes.

lunes, 30 de marzo de 2009

Como o contador de histórias...

Sinto que Deus está preparando o meu coração. Eu sempre cri em grandes coisas e depois que elas começaram a acontecer eu comecei a sonhar com coisas maiores ainda. Deus fará muitas coisas, eu sei. De repente não do jeito que eu imagino, mas certamente fará tudo o que prometeu. Acontece que tem um caminho a ser percorrido antes. E Ele tem testado o meu coração de todas as formas. Têm sido um caminho árduo e penoso. Mas sei que Ele quer que o meu coração esteja pronto quando cheguar o momento da promessa . Pronto pra ouvir o clamor do aflito. Pronto para não só me solidarizar com as pessoas que estão sofrendo, mas para também me identificar com elas. Com os famintos, solitários, desesperados e injustiçados.
Davi foi o maior rei da história Israel. Uma das cidades mais importantes desse país, Jerusalém, é chamada "Cidade de Davi". 3.000 anos se passaram desde que ele morreu e a atual bandeira de Israel tem como emblema a "estrela de Davi". O que fez dele uma pessoa tão notável? Davi certamente cometeu muitos erros. Mesmo assim foi chamado de "homem segundo o coração de Deus". Por que será? porque o mesmo rei que mandava os soldados pra guerra, estava na linha de frente com eles. O mesmo homem que matou o guerreiro mais forte do exército inimigo era o que cuidava das ovelhas de seu pai e trazia comida pra seus irmãos no acampamento de guerra. Ele entendeu o que era a verdadeira grandeza...Que grandes coisas fez esse rei com coração de servo! Ele se importava. Não tinha medo de parecer vulnerável.
As pessoas não querem discursos prontos ou pessoas que sintam pena delas - Isso só vai fazer com que se sintam pior do que já estão. Elas precisam de alguém que lhes diga: Eu sei o que você está passando. Já passei por isso. Elas querem que você escute. Sem julgar. Não fique procurando soluções ou fórmulas mágicas (se realmente houvesse uma, elas provavelmente não estariam falando sobre isso!) Apenas escute. Mas escute com a sua alma, com o seu coração. Houve um tempo na minha vida que eu achava que tinha que ser perfeita. E sinceramente, achava que era o que Deus esperava de mim! eu me frustrava muito com as minhas limitações! Por isso escondia minhas dores mais profundas e sofrimentos, de todos, até mesmo das pessoas que me amavam, dos meus melhores amigos. Achei que compartilhar com as pessoas me tornaria fraca, vulnerável...e era tudo o que eu não queria parecer! então mantinha aquela imagem de "rocha inabalável"... E pra manter essa imagem, muitas vezes eu estive a ponto de ter um colapso nervoso.
Quando finalmente resolvi me abrir sobre os problemas da minha família, sobre trabalhar num emprego que eu detestava, sobre não poder estudar entre outras coisas, Eu não só recebi o apoio de que precisava, como vi um novo olhar de respeito e admiração dos meus amigos...isso pra eles foi sinal de força, não fraqueza! Na verdade acho que eles encararam a minha "humanidade" melhor do que eu mesma e isso foi um alívio.
Hoje, 90% daqueles problemas não existem mais! Claro que existem outros, mas tudo o que eu passei, agora serve como testemunho de tudo o que Deus fez na minha vida, hoje falo daquelas antigas dores abertamente! o que um dia quase "me matou" está salvando outros! Isso tem servido para aproximar as pessoas de Deus. Tenho certeza que se eu tentar ler um capítulo da Bíblia para a maioria das pessoas isso não faria a menor diferença( Não por desmerecer a Bíblia! é o livro mais poderoso que existe, um manual de vida! o problema é que as pessoas não sabem disso e geralmente já tem uma pré-disposição a não escutar!), mas elas sempre param pra ouvir minhas histórias! e Deus está em cada uma delas, e as pessoas vêm em mim a prova de que milagres ainda acontecem, que privilégio o meu!
Tomando o exemplo de Jesus, a melhor forma de chegar ao coração das pessoas é tornar-se um "contador de histórias"...Daquelas que você está escrevendo com a sua própria vida.